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Mostrando postagens de abril, 2008

h o j e

" Hoje eu quero marcar sua vida " era a placa. Logo abaixo se via em letras reduzidas: " Volte amanhã e leia de novo " . Então alguém disse, quase sussurrando: - Você conseguiu. . {homenagem às placas de "Fiado só amanhã" das padarias da cidade}

m a ç ã s

Um ônibus, um riso {nonsense} Uma conversa agradável Dois olhos fechados, uma cabeça, um ombro, três lágrimas e meia caem manchando a camiseta que eu te dei. Vira a página: frescor de uma lembrança pícara. Diferenças desiguais, iguais, desiguais convívio gera dor de gêmeo, acontece. O olhar traduz, a palavra confunde pronto, era só pra gente rir. Quero ser seu feixe de esperança { quando só mesmo a esperança restar } E também a risada mais gostosa e incontida da piada secreta, viva e pulsante até pra sempre. Não preciso de juras, promessas e declarações, pausas, fragmentos de você, dúvidas de nós, perguntas, relatórios, pedidos levemente impostos... distribuir folhetos com nossas fotos, pra que vejam como somos felizes. Não. { ! } Preciso só de você, do jeito que é, comigo aqui: olhando nos meus olhos daquele jeito puro e confortante do diálogo mais profundo, não vocálico... E da graça das manhãs de sábado quando paramos pra desabar nossas noticias semanais. É só parar por um instante

v a g a l u m e s

 Brincando de correr entre vagalumes sem querer pegamos uma estrela baixa roubamos todas as flores pra esconder perfumes estrelas, vagalumes dentro de uma caixa E foi até estranho, a gente nem deu conta talvez na outra ponta, alguém pudesse pensar menino vagalume, flor, menino estrela, a brisa mais forte veio te buscar{...} Deixa pra lá o que não interessa, a gente não tem pressa de viver assim feito platéia da nossa própria peça, histórias, prosas, rimas, sem começo e fim Pra temperar os sonhos e curar as febres inserir nas preces do nosso sorriso brincando entre os campos {das nossas idéias} somos vagalumes a voar perdidos... a voar perdidos.

c a c a u

/ O bucólico e o caótico moram aqui, quem tem olhos que veja. Vês? Procure, rasgue, revire do avesso e ainda assim: parte de mim não será visível, se [eu] quiser. Arrisco me definir sem me delimitar convivo comigo, me sei. sou o movimento, a intensidade que eu achei pra mim que não é a mesma que a sua, que a sua, que a sua. Gosto de sentir as dores do jeito que é bom: -cutucando cada ferida. Elas passam, passam sim. Não se engane com minha aparente fortaleza olha no meu olho, vês doçura? Quem tem olhos que veja: o doce tem nome, e é CACAU. não desista: às vezes digo o que não quero, quero o que não digo, perceba sem que eu precise me esforçar. No final, eu sei, estarei no lugar certo na hora certa e vou parar só pra admirar. a protagonista da minha vida sou eu, caos. Falais baixo se falais de amor, esse é meu idioma, não ligue... Eu guardo um oceano aqui dentro { as ondas chegam até a praia } e, voltam. em breve, o vento as leva pra mais longe [!] eu sei, e

n ã o & n ã o

Não. Não quero. Me recuso a sorrir sempre, como numa felicidade inabalável e com cheiro de algodão-doce. Chega de forçar a barra, gargalhar das comédias do cinema até ficar com dores abdominais, quando no fundo eu só queria arranhar os dentes e morder o travesseiro. Cansei de olhares complacentes, que me querem por perto só quando estou bem. Eu quero vivacidade, quero briga, quero perdão. Quero amor mesmo nos dias de humor instável. Suportar não é amor, amor é amor e pronto, ponto. Chega de tomar Champagne e parecer sempre pronta pra festa. Eu quero acordar despenteada, eu sou de verdade, eu sou m u l h e r. - Me abraça pro tempo parar de novo? O silêncio e os olhos fechados consentiram. { . . . }

b a t a l h a

É difícil admitir, mas a maior e mais difícil batalha é contra si próprio. Ela descobriu isso enquanto caminhava pelo jardim na noite de um verão bem definido. As flores pareciam sombrias, mas não eram; a lua parecia não existir, mas existia. E dentro de si acontecia uma guerra de espada e escudo. A ânsia de ser mais se misturava com o medo de se desprender do seguro... Ali, naquele momento ela só queria um cantinho pra poder chorar em paz. - Não fuja - ela sussurava baixinho pra seu lado mais medroso. Ela era bem resolvida, sabia bem onde estavam suas feridas abertas e não podia reclamar que "não conhecia seus sentimentos e por isso não sabia o que fazer com eles." Ela podia descrever exatamente, quase como um relatório clínico: insegurança, luta interna, sonhos que eram afogados por abruptos lances de dúvida, pensamentos coloridos e lindos que criaram um receio de estar vivendo uma vida estagnada pelo comodismo tão indesejável que cerca a vida de tantas e tantas pessoas...

e v e r y b o d y h u r t s

http://br.youtube.com/watch?v=ioAQTwc8Oas } When your day is long and the night / The night is yours alone / When you're sure you've had enough of this life / Well hang on / Don't let yourself go, 'cause everybody cries / and everybody hurts, sometimes ... Sometimes everything is wrong, / Now it's time to sing along / When your day is night alone (hold on, hold on) / If you feel like letting go (hold on) / If you think you've had too much of this life Well hang on / 'Cause everybody hurts / Take comfort in your friends / Everybody hurts Don't throw your hands, oh no / Don't throw your hands / If you feel like you're alone no, no, no, you're not alone / If you're on your own in this life / The days and nights are long When you think you've had too much / of this life, to hang on / Well everybody hurts, sometimes, everybody cries, / And everybody hurts ... sometimes But everybody hurts sometimes / So hold on, hold on, hold on, hold on,

p r a t o p r i n c i p a l

{ tudo na vida é digestão. uma morte, uma dor, uma alegria exacerbada. Aquele amor engarrafado, aquela memória que não sai do consciente: {e aquela outra que a gente sabe, no íntimo, que o inconsciente pescou} Um sonho impossível, se é que eles existam; uma frustração, uma piada; um jogo de pa-la-vras, verbalizado ou não. se não der pra digerir tudo na vida, engula a seco que o tempo trata de fazer o resto. só não pode mastigar, mastigar, mastigar e cuspir como quem renega sua própria origem. A vida é um prato que se come quente, e saber degustá-la é uma arte milenar que podemos escolher morrer sem aprender, ou tratar como um ensinamento de mestre... Os acontecimentos saem do forno esperando aprovação ou repulsa. Revezam entre sabores e dissabores tão intensos e merecem a devida atenção {!} Só não se esqueça que quem preparou a receita foi v o c ê . El grand chef: o homem }

l e v e z a

Eu gosto dessas manhãs. Acordar cedo me causa fadiga, mas de uns tempos pra cá o ato de levantar da cama tem sido muito saboroso. Eu fico resistente, com vontade de hibernar, até a hora de sair lá fora e sentir aquele frio não-congelante invadindo os poros da pele, quase pedindo licença... O céu branco esconde alguma coisa e dá vontade de ir lá descobrir, não sei se esconde claro, não sei se esconde escuro, não sei se esconde mil histórias e cenas desenhadas pelos formatos das nuvens. O tempo passou, meus passos passaram e o Sol apareceu. Bem vinda seja a luz! Que aquece aqueles que pedem pra que cesse o frio {da alma} . Agora é hora da nostalgia trocar de lugar com o céu branco e trazer consigo um tempo agridoce. Aquele tempo de outros outonos, de risadas incontidas, de abraços confortantes, de olhares estáticos e expressivos. . . E surpreendentemente uma saudade pra frente, do que ainda não conheço, daquilo que sonho e aspiro com as forças cardíacas e, pulmonares.

p r i s m a

Os pontos de vista se distorcem, as palavras transmitidas tomam outras significações no caminho até teu ouvido, ver o mundo com outros olhos às vezes é mais penoso do que parece. Viver dentro de formas geométricas pré determinadas torna-se cansativo, isso é quadrado; aquilo é redondo. Meu bem, somos prismáticos e nos enquadramos perfeitamente no encaixe do não-encaixe. . . As inumeráveis faces do ser ficam mais evidentes quando NOS permitimos sem resistências. Não precisamos { cada segundo, tic tac tic tac } distribuir definições objetivas para tudo e todos. Respeitemos então cada digressão humana para que possamos crescer dentro de nós mesmos, como: h u m a n o s . ~ Escolho dia após dia, primavera após primavera, a não-contentação de me encarar como pronta. Quero mais v i d a na memória, mais c o r do lado de fora da janela, do lado de dentro da pele.

f l o r a ç ã o

pequena floração surgiu, agora é tarde. você pensa que me olhar meio de lado e disfarçar tão propositalmente só me faz achar graça? queria que visse o tufão que causa quando estou sozinha { ou melhor } que sentisse um tufão nascendo dentro de v o c ê sem poder refletir no teu externo. queria lavar a calçada com água corrente e ver as folhas secas que você deixou, escorrendo pelo bueiro. mas é utopia! moralidades me cercam de um jeito bem avalassador: causaria um alagamento e não é prudente utilizar tanta água. tudo bem, tenho aprendido. ~ quem sabe meu jeito fugitivo não te perturbe? saberá então { assim como eu sei } que florações não surgem, se constróem.

a b i m o c o r d e

Ab imo corde, Mexe-se, escorre, sangra, acalma. Bate em descompasso e de repente, adormece calado, numa alegria disc discr discre discret discreta . . . Da pureza da criança a sensatez senil Quer ser mestre, quer ser pai de reviravoltas colossais, [ e daquelas que ficaram guardadas na gaveta, sem impulso suficiente ] . . . Ab imo corde, Linda ritmia numa canção imperfeita. és maior que eu? és pequeno como pareces ser? alguns defendem: "órgão muscular, bombeia sangue, dois átrios e dois ventrículos". outros insitem: - um oceano emocional, guia confiável dos olhos que querem ser cegos [ ? ] Ad imo corde, l u z d i v i n a, l u z i n t e r n a. L U Z. Ab imo corde: no mais profundo do coração.

t r a n s p a r ê n c i a

Ela desejava {ao menos por um dia} ser cinzenta, ser outono, ser o 'basicamente'. Que conseguisse sublimar seus sentimentos, amassá-los até a cura, sem que as pessoas sequer notassem [...] Andar numa bolha {rígida e maçiçamente preenchida de cor} para que suas expressões ficassem engavetadas a sete, oito, nove chaves. Mas no mais íntimo e natural do ser, ela sabia que "destransparecer" sua transparência tão evidente, era o mesmo que enganar a si e fingir ser alguém que não era. Sim, ela não tinha o filtro que separava o que ficaria guardado para ela e o que todos podiam ver. E a necessidade de esconderijo então passava rapidamente, quase como um lapso. { Só não sabia quão saudável/ destrutivo isso podia ser}

c o t i d i a n o | o avesso dos ponteiros

O tempo passa e engraxa a gastura do sapato Na pressa a gente não nota que a lua muda de formato... Pessoas passam por mim pra pegar o metrô Confundo a vida ser um longa-metragem O diretor segue seu destino de cortar as cenas E o velho vai ficando fraco esvaziando os frascos | E já não vai mais ao cinema |