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Mostrando postagens de 2008

chão nos pés

Há que colocar o chão nos pés . . . (O lugar na cabeça e os is nos pingos) Com a mesma vontade de descalçar os chinelos (Descalçar a cabeça e, os is por consequência). Já que se é claro, Que o escuro das lógicas, Sentido não faz . . . E falar assim, de um jeito ao contrário, É só mesmo pra quem não entende. (Entendendo o que realmente importa) Porque se lógica fizesse sentido, Era só anotar num rodapé qualquer O que se quer. E se esforçar, até acontecer, né. (Dizer: "ok, the end, happy ending . . .") Quando o que movimenta mesmo, Não tem nome, (Tem sentido!) - com exclamação. Não dá pra sair correndo, Nem fingir um 'conseguir explicar' . . . Reflexões baratas não, não alcançam os anseios (De qualquer pessoa) Não é querer mostrar o mundo, Pegar pelas mãos e atravessar. Cada um supõe o seu agora. É acender do escuro da lógica (Com setas claras de sincericídios) Minha métrica é nula, Corrosiva e aleatória. Desde que seja verdade, existe.

flor efêmera

Mal sabem as graças que perderam os meus olhos por não vê-la com cuidado: flor pequena, flor efêmera e tão linda. Das flores que se escondem e não fazem questão de antecipar, de esperar. Simplesmente o são, conjugando de propósito o presente do presente do presente. Tolo eu, que achava que ela estava ali o tempo todo, sempre pronta a esperar meus olhares. . . Ah, meus olhares, o que tem de mais os meus olhares? Olhares que hoje - eu sei - dedicaria somente a ela, flor efêmera. Se paro e penso, vasculhando na memória, cada pedaço de segundo de instante com a flor, não posso. Me rendo. Ela queria se fazer desconhecida a tudo, para que somente eu a notasse. E eu? Não prolonguei-me em conhecê-la. Ela tinha tanta vida . . . Ela me mostrou que não estava à espera, me ensinando de um jeito sutil (e com perfume) que a minha dedicação é que faria a diferença . . . O tempo das flores não é o mesmo do mundo. Os problemas das flores, não são problemas do mundo. Hoje eu sei, que meu mundo quer ser

o inevitável

Minha vida não cabe num texto, minhas palavras não cabem nas tortuosas linhas sem rosto. Eu gosto das coisas descabidas, do infindável que não se enxerga, da sede insaciável de querer ser mais, dos sentimentos inevitáveis. Aquilo de tentar dizer o que não sente e o outro perceber, sabe? Passando por cima de orgulho, quaisquer convenções e, acabar sorrindo depois do grito. Os sentimentos inevitáveis e impossíveis, particularmente, são os melhores. No fundo, nem que seja no fundinho, todos gostam do inevitável. } Gostam de conhecer seus limites, insistirem que são satisfeitos e serem pegos nas peças dos caminhos, de jeito. São nos sentimentos inevitáveis que capturo meus olhares mais bem conseguidos. Digo, sim, conseguidos, porque são fruto de intenso trabalho e dedicação: das tentativas nada exaustivas de tentar olhar o que me marca, de forma diferenciada e preferida. E fotografar mentalmente para publicar depois nos sonhos quentes cobertos pelos edredons . . . São, também, nos sentime

Consciência de águia

Aí o frio invade; com todo respeito - o vento. O ruído na janela, que quer entrar no meu aconchego particular, tem voz dispersa e parece bradar . } Os antigos passos mudos das reticências escritas nas minhas tortas linhas: tagarelam exclamações. (!) Gostei de me esquecer, pra viver outras de mim, só enquanto o barulho do vento não silenciava lá fora. Depois conheci exatamente as minhas asas. Eu pude ser tufão, ser tempestade, até a brisa suave me carregar pra dentro de si, misturando aos seus movimentos, a minha alma. Agora já não sei onde começo e onde ela termina. Fizemos um acordo para a calmaria e impulso conviverem bem, e juntos. Descobri que viver é minha maior responsabilidade, e ser carregada pela brisa cada vez mais alto... Com os pés longe do solo, é minha vontade realizável. Meu alto não é mensurável, tampouco inventado. Ter Consciência de Águia, voar. - [Moça, olha só o que eu te escrevi: "É preciso força pra sonhar e perceber que a est

Matizes

Eu acho que a gente tem alma violeta. Já tive vontade antes de ver a cor das coisas que não se vê, ver a cor do que paira em cima dos que estão se casando, ver a cor da alma de uma criança abraçadinha na mãe, ou então a cor do que fica em volta das famílias numerosas, comendo lasanha no domingo. Eu acho que nossa alma é violeta. Quando a gente acorda de manhã bem cedo, estica as pernas e faz careta, aí é colorida, só pode ser. E quando a gente segue de mãos dadas por ladeiras, ou durante carinho nos meus cabelos e susto da surpresa boa, deve ser meio vermelha. Nossa alma deve ter gradações das matizes mais bonitas, posso apostar. E há quem ache idéia de maluco, mas vai chegar um dia, em algum momento dos surreais que a vida dá de presente, que vai se perguntar carinhosamente, qual devia ser a cor daquele momento. E eu queria estar perto só pra dizer: "Maluquice te fez bem hein..." e sorrir como pra quem tem um segredo bem guardado. Não é tudo que merece uma co

mantra do vôo sublime

Nada mais que faça relutar. ~ V oar por aí afora, descobrir aurora, fantasiar asas minguantes. (Asa cadente, voar na asa macia!) V o a r a í a f o r a - Calar escuro, mastigar manhã, morrer no colo e sobreviver. Voar por aí, afora, numa aura hora, pintar esquadros, de tinta e olhar pro meu lar, sabiá. Voar por aí afora, sim afora, e a qualquer hora deitar na grama, respirar fubá, tocar madeira molhada de orvalho e de luz. Depois da aurora, e do vôo afora, deixar os raios entrarem pela nossa janela, tocando o café e os pés (quentinhos da noite de inverno) E voar por aí (afora!). E se nada fizer sentido, só, ser um, só, na mesma direção basta. Voar por aí, afora. Na nossa aurora, a qualquer hora . . . { oras. } Voar.
{Nota minha nota que é pra te notar, Canta teu encanto que é pra me encantar} ;

sempredessemomento

E ela pediu sussurando: "Que eu me lembre sempre desse momento, que eu me lembre sempre desse momento..." Ela queria um momento. Um momento de liberdade intocável, de longas prosas não-piedosas e maçantes, mas aconchegantes como uma almofada ao que tem sono. E que se houvessem dias de não poder se olhar ao espelho, ou então ser afogada por pequenas irritações discrepantes, que ela os mandasse para o espaço! (delicadeza). Estava decidida a viver causando sensações (seja lá quais forem) e pisar não como quem passa, mas como quem marca. Então se calou e procurou no fundo o que a consumia de forma positiva... Suas boas lembranças as encontraram de um jeito avassalador, do jeito como gosta. Ligou para sua melhor-amiga de infância, quem não via por bons 6 anos e alguns meses devido à desculpa de "falta de tempo/trabalho demais..." e disse que sobretudo, sentia saudades de quando passavam tardes apontando lápis-de-cor. Foi até a casa de uma tia velhinha que sempre foi muit

hipocris (chéri) ia

Eu tô vendo gente falando muito e sentindo pouco, eu tô vendo palavras que escapam tortamente perdendo significações. Eu tô vendo, despudoradamente, o doce amargo dos dizeres superficiais... E é tanta palavra bonita, é tanta pompa, tanta emoção que primeiro mostra pra depois ser. Ou nem ser. Eu vejo, manobras calculáveis de jogos de palavras... Que convencem, que desviam, que mascaram uma realidade que ora dói, ora gera desumanidade que enfim, é dor também. Parabéns, você conseguiu de novo arrumar desculpa esfarrapada pra uma realidade que te assusta. Se sente melhor agora? Ai que esforço exagerado para evitar esforços maiores, quando sentir cada coisa como é, nua e crua é mais simples e correto. (Quem pode falar a palavra 'correto' com propriedade, enfim?) Como se a vida tivesse que ser um eterno mar de rosas, cheiroso e... cheio de tubarões lá no fundo. NINGUÉM quer ver os tubarões! Eles estão ali! Tubarões... O que tem eles? Vamos ignorá-los! São apenas tubarões... I

c a n t o

E se eu sou acalanto, eu fico. Se os olhos marejam, eu sou. Se os braços envolvem, realizo. Se as cores têm mais cor, nós somos um acalanto que mareja e é. Vou buscar a serena aurora pra guardar numa caixa com furinhos. Talvez seja maldade, mas abrir e olhar a qualquer hora do dia aquele momento que suas mãos encontraram a minha (mesmo que você tenha feito cara de movimento involuntário), seria demais pra mim. Demais no sentido de bom. Mas não vou deixar na estante, empoeirando. Vou colocar num pilar creme com relevos na entrada da casa. Ah, essa casa que guarda tanto de você. Nos azulejos, nos quadros, nas janelas... E também nas gavetas e cantinhos. Vai combinar com a decoração, pode apostar. Aí eu paro e penso: { Será que você tem a sorte de sempre estar nos momentos marcantes... Ou os momentos marcantes só o são por causa de você? } Segunda opção com luzes piscantes e setas de Drive-Thru. Meu acalanto é no teu canto, tua voz, teu encanto... (!) Seu encanto cá no canto da sala-de-es

c o n t r a d i ç ã o

Então, quando me dá cinco minutos E eu quero tratar de mand ar Estabeleço certas coisas: Mando a palavra rim ar , e abusada, defronta cara-a-cara. Mando a poesia cal ar . Ela cutuca até se fazer pronta e falante, a tagarel ar ... Mando então, com esperanças A cor mais viva, se apag ar . Ela vem, arco-íris terra, céu, fogo e m ar . Aí, só pra ser chata, desisti de tentar mand ar . Pra dar liberdade pra tudo isso, E sem querer, eu rim ei . (susto)
E eu que sombra era, Fugidia entre espaços, Anulei por segundos minha força pra encontrar a tua. Eu que era piso vacilante, Me faço e refaço em piso firme que mesmo assim rege dança em calçadas largas de grama. E eu, que era verbo imperativo? Me permito ser canção, Ser prosa poética, flexível Ser rima rara, da manhã. Eu era, era lago... Já desaguo em Oceano Faço sons de ondas leves Carinho para a areia. Fui, leite derramado - e - não chorei. } . - Da primeira vez, era cuidado. Da segunda vez, a emoção. Na terceira, meu bem, encanto puro. E na quarta vez, um adeus sem explicação. - Não sou indecifrável, Descobri quando você chegou e olhou a alma, com licença. Falava o que eu pensava, me esperava dizer, quando era o que você diria, nomesmosegundo. Atirou uma pedra na janela, E não ficou lá embaixo A esperar pelas tranças. Subiu e disse, meio sem jeito, Oi. Acho que as coisas fazem sentido... - Hoje eu vi pombos tirando a sorte em realejos e crianças comendo migalhas de pão. Foi na pracin

i n s p i r a r

Encontrar a inspiração. . . Alguém me cutucou de forma equilibrada, Me fez repensar meus conceitos de coragem Meus porquês das dificuldades De apertar o botão “publicar” - da vida. Admitir ser, se permitir escrever, escrever livremente. Agora é lema. Encontrar a inspiração, Quando se mostra querendo brincar: Se esconder por entre balaústres Chamar com voz fina, distante E como num lapso, silenciar despudoradamente. Procurar às vezes cansa. Encontrar uma simples inspiração Raios, onde está? Aqui dentro, lá fora, onde? Buscar desculpas para não achar... Pedir desculpas por saber que está aqui. Qualquer ruído, qualquer som Se torna motivo para desconcentrar - Como se aquela naturalidade ganhasse cores opacas. Encontrar inspiração, Quando se acostuma a mascarar melancolias Transpondo versos para o papel. Surpresa, a vida sem melancolia não tem arte? Ah, tem. Tem, tem, tem. Arte leve . . . Arte sutil . . . Arte doce e sincera. É preciso se desligar de costumes, E mandar buscar sua arte. &qu

à p a u l i s t a n a

" São Paulo! Comoção de minha vida… Os meus amores são flores feitas de original…Arlequinal! Traje de losangos… Cinza e ouro. Luz e bruma… Forno e inverno morno. Elegâncias sutis sem escândalos, sem ciúmes. Perfumes de Paris… Arys! Bofetadas líricas no Trianon… Algodoal! São Paulo! Comoção de minha vida, Galicismo a berrar nos desertos da América"} - De Andrade, Mario. "É que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi Da dura poesia concreta de tuas esquinas Da deselegância discreta de tuas meninas [...] Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas Da força da grana que ergue e destrói coisas belas Da feia fumaça que sobe apagando as estrelas Eu vejo surgir teus poetas de campos e espaços Tuas oficinas de florestas, teus deuses da chuva..."} - Veloso, Caetano. . O Centro Velho de São Paulo. Noite. Quantas vezes passei por lá e achei tudo aquilo, tão cinza, tão apressado, tão angustiante e feio. (Bate na boca). Mas é surreal: como pode o dia barrar certas impress
As vezes eles se irritam. Quem vê de fora, tem a impressão de que existe um fio imaginário entre os dois, e que propositalmente, querem estourar esse fio caminhando cada um pra um lado, repulsando seus campos magnéticos para quanto mais distante, melhor. Então surpresa! Fio elástico. Querem repulsa, ganham atração. Chega de escrever fisicamente. Ele só quer correr o dia todo atrás de algo que não sabe o nome, ficar cansado, suar absurdos, chegar em casa e ouvir ela cantando She, do Elvis Costello, no chuveiro, belamente desafinada, sem vergonha de que alguém lhe diga que está totalmente fora do ritmo: "She... May be the face I can't forget. A trace of pleasure or regret May be my treasure or the price I have to pay..." E então, depois de recuperar a frequencia cardíaca ideal e dizer que ela está linda, a levar pra um lugar atípico e marcante. Pode ser comer jabuticabas direto do pé, ou andar de kart numa pista velha. O lugar é o que menos importa, desde que consigam briga

t o d o d i a

Eles nunca se falaram. Um casal de velhinhos que transpira jovialidade escondida atrás das rugas e do grisalho, pega ônibus comigo todos os dias. Sentam sempre no mesmo banco e me falam o mesmo 'bom dia' cordial com tons e volumes iguais, soando querer um pouco de atenção. O ônibus azul boreal, sereno-paraíso da paulicéia desvairada. Ele está sentado, num silêncio mortal, com o olhar vago, estático... Não vê prédios, não vê Sóis, a sós, nós desatados, nós todos ali dentro, ninguém. Quando ela entra no ônibus, o olhar desperta, ele se levanta para ela passar e se apossar do lugar que ele guardou como um tesouro. Que tesouro. Ela sorri gentilmente. Trocam olhares durante a viagem e posso a postar que querem dizer: "Hoje temos trânsito. Que bom." ... Quando o estado de vigília se torna pesado e o sono toma conta do pescoço e se alastra pelo corpo todo, ele encosta, meio sem querer, a cabeça no ombro direito dela, sente seu perfume de boneca de porcelana antiga. Sem graç

p i e g u i c e

{Luz baixa, música lenta, ambiente familiar, cheiro de vontade de ser feliz. bem piegas.} Se for pra dançar apenas com movimentos mecânicos, Da forma como todos se acostumaram: Me observo sendo atraída pelo estático. Houve um tempo de balanço, ritmia natural Tudo parecia conspirar... A música podia nos levar pelas luzes da cidade Quem passava, via feixes de nós passeando por calçadas, Seguindo a melodia da cidade dos nossos ouvidos, {que além de ser a mesma} Era diferente das buzinas ofegantes, dos carros apressados, das pessoas-trânsito, das motocicletas costurantes. ufa. Nos faróis, nas noites de chuva pouca, As pernas não pediam sutilmente para que eu parasse. Porque havia algo mais forte que pedia: Continue dançando, dançando, dançando... Ainda é você. O pretérito é perfeito, presente e constante. Prego o original: surpreenda-me se for capaz, Eu sei que você pode, sem que eu precise pedir. Não te cubro de expectativas idealizadas, não. Só sei perceber os teus confusos sinais de pie

h o j e

" Hoje eu quero marcar sua vida " era a placa. Logo abaixo se via em letras reduzidas: " Volte amanhã e leia de novo " . Então alguém disse, quase sussurrando: - Você conseguiu. . {homenagem às placas de "Fiado só amanhã" das padarias da cidade}

m a ç ã s

Um ônibus, um riso {nonsense} Uma conversa agradável Dois olhos fechados, uma cabeça, um ombro, três lágrimas e meia caem manchando a camiseta que eu te dei. Vira a página: frescor de uma lembrança pícara. Diferenças desiguais, iguais, desiguais convívio gera dor de gêmeo, acontece. O olhar traduz, a palavra confunde pronto, era só pra gente rir. Quero ser seu feixe de esperança { quando só mesmo a esperança restar } E também a risada mais gostosa e incontida da piada secreta, viva e pulsante até pra sempre. Não preciso de juras, promessas e declarações, pausas, fragmentos de você, dúvidas de nós, perguntas, relatórios, pedidos levemente impostos... distribuir folhetos com nossas fotos, pra que vejam como somos felizes. Não. { ! } Preciso só de você, do jeito que é, comigo aqui: olhando nos meus olhos daquele jeito puro e confortante do diálogo mais profundo, não vocálico... E da graça das manhãs de sábado quando paramos pra desabar nossas noticias semanais. É só parar por um instante

v a g a l u m e s

 Brincando de correr entre vagalumes sem querer pegamos uma estrela baixa roubamos todas as flores pra esconder perfumes estrelas, vagalumes dentro de uma caixa E foi até estranho, a gente nem deu conta talvez na outra ponta, alguém pudesse pensar menino vagalume, flor, menino estrela, a brisa mais forte veio te buscar{...} Deixa pra lá o que não interessa, a gente não tem pressa de viver assim feito platéia da nossa própria peça, histórias, prosas, rimas, sem começo e fim Pra temperar os sonhos e curar as febres inserir nas preces do nosso sorriso brincando entre os campos {das nossas idéias} somos vagalumes a voar perdidos... a voar perdidos.

c a c a u

/ O bucólico e o caótico moram aqui, quem tem olhos que veja. Vês? Procure, rasgue, revire do avesso e ainda assim: parte de mim não será visível, se [eu] quiser. Arrisco me definir sem me delimitar convivo comigo, me sei. sou o movimento, a intensidade que eu achei pra mim que não é a mesma que a sua, que a sua, que a sua. Gosto de sentir as dores do jeito que é bom: -cutucando cada ferida. Elas passam, passam sim. Não se engane com minha aparente fortaleza olha no meu olho, vês doçura? Quem tem olhos que veja: o doce tem nome, e é CACAU. não desista: às vezes digo o que não quero, quero o que não digo, perceba sem que eu precise me esforçar. No final, eu sei, estarei no lugar certo na hora certa e vou parar só pra admirar. a protagonista da minha vida sou eu, caos. Falais baixo se falais de amor, esse é meu idioma, não ligue... Eu guardo um oceano aqui dentro { as ondas chegam até a praia } e, voltam. em breve, o vento as leva pra mais longe [!] eu sei, e

n ã o & n ã o

Não. Não quero. Me recuso a sorrir sempre, como numa felicidade inabalável e com cheiro de algodão-doce. Chega de forçar a barra, gargalhar das comédias do cinema até ficar com dores abdominais, quando no fundo eu só queria arranhar os dentes e morder o travesseiro. Cansei de olhares complacentes, que me querem por perto só quando estou bem. Eu quero vivacidade, quero briga, quero perdão. Quero amor mesmo nos dias de humor instável. Suportar não é amor, amor é amor e pronto, ponto. Chega de tomar Champagne e parecer sempre pronta pra festa. Eu quero acordar despenteada, eu sou de verdade, eu sou m u l h e r. - Me abraça pro tempo parar de novo? O silêncio e os olhos fechados consentiram. { . . . }

b a t a l h a

É difícil admitir, mas a maior e mais difícil batalha é contra si próprio. Ela descobriu isso enquanto caminhava pelo jardim na noite de um verão bem definido. As flores pareciam sombrias, mas não eram; a lua parecia não existir, mas existia. E dentro de si acontecia uma guerra de espada e escudo. A ânsia de ser mais se misturava com o medo de se desprender do seguro... Ali, naquele momento ela só queria um cantinho pra poder chorar em paz. - Não fuja - ela sussurava baixinho pra seu lado mais medroso. Ela era bem resolvida, sabia bem onde estavam suas feridas abertas e não podia reclamar que "não conhecia seus sentimentos e por isso não sabia o que fazer com eles." Ela podia descrever exatamente, quase como um relatório clínico: insegurança, luta interna, sonhos que eram afogados por abruptos lances de dúvida, pensamentos coloridos e lindos que criaram um receio de estar vivendo uma vida estagnada pelo comodismo tão indesejável que cerca a vida de tantas e tantas pessoas...

e v e r y b o d y h u r t s

http://br.youtube.com/watch?v=ioAQTwc8Oas } When your day is long and the night / The night is yours alone / When you're sure you've had enough of this life / Well hang on / Don't let yourself go, 'cause everybody cries / and everybody hurts, sometimes ... Sometimes everything is wrong, / Now it's time to sing along / When your day is night alone (hold on, hold on) / If you feel like letting go (hold on) / If you think you've had too much of this life Well hang on / 'Cause everybody hurts / Take comfort in your friends / Everybody hurts Don't throw your hands, oh no / Don't throw your hands / If you feel like you're alone no, no, no, you're not alone / If you're on your own in this life / The days and nights are long When you think you've had too much / of this life, to hang on / Well everybody hurts, sometimes, everybody cries, / And everybody hurts ... sometimes But everybody hurts sometimes / So hold on, hold on, hold on, hold on,

p r a t o p r i n c i p a l

{ tudo na vida é digestão. uma morte, uma dor, uma alegria exacerbada. Aquele amor engarrafado, aquela memória que não sai do consciente: {e aquela outra que a gente sabe, no íntimo, que o inconsciente pescou} Um sonho impossível, se é que eles existam; uma frustração, uma piada; um jogo de pa-la-vras, verbalizado ou não. se não der pra digerir tudo na vida, engula a seco que o tempo trata de fazer o resto. só não pode mastigar, mastigar, mastigar e cuspir como quem renega sua própria origem. A vida é um prato que se come quente, e saber degustá-la é uma arte milenar que podemos escolher morrer sem aprender, ou tratar como um ensinamento de mestre... Os acontecimentos saem do forno esperando aprovação ou repulsa. Revezam entre sabores e dissabores tão intensos e merecem a devida atenção {!} Só não se esqueça que quem preparou a receita foi v o c ê . El grand chef: o homem }

l e v e z a

Eu gosto dessas manhãs. Acordar cedo me causa fadiga, mas de uns tempos pra cá o ato de levantar da cama tem sido muito saboroso. Eu fico resistente, com vontade de hibernar, até a hora de sair lá fora e sentir aquele frio não-congelante invadindo os poros da pele, quase pedindo licença... O céu branco esconde alguma coisa e dá vontade de ir lá descobrir, não sei se esconde claro, não sei se esconde escuro, não sei se esconde mil histórias e cenas desenhadas pelos formatos das nuvens. O tempo passou, meus passos passaram e o Sol apareceu. Bem vinda seja a luz! Que aquece aqueles que pedem pra que cesse o frio {da alma} . Agora é hora da nostalgia trocar de lugar com o céu branco e trazer consigo um tempo agridoce. Aquele tempo de outros outonos, de risadas incontidas, de abraços confortantes, de olhares estáticos e expressivos. . . E surpreendentemente uma saudade pra frente, do que ainda não conheço, daquilo que sonho e aspiro com as forças cardíacas e, pulmonares.

p r i s m a

Os pontos de vista se distorcem, as palavras transmitidas tomam outras significações no caminho até teu ouvido, ver o mundo com outros olhos às vezes é mais penoso do que parece. Viver dentro de formas geométricas pré determinadas torna-se cansativo, isso é quadrado; aquilo é redondo. Meu bem, somos prismáticos e nos enquadramos perfeitamente no encaixe do não-encaixe. . . As inumeráveis faces do ser ficam mais evidentes quando NOS permitimos sem resistências. Não precisamos { cada segundo, tic tac tic tac } distribuir definições objetivas para tudo e todos. Respeitemos então cada digressão humana para que possamos crescer dentro de nós mesmos, como: h u m a n o s . ~ Escolho dia após dia, primavera após primavera, a não-contentação de me encarar como pronta. Quero mais v i d a na memória, mais c o r do lado de fora da janela, do lado de dentro da pele.

f l o r a ç ã o

pequena floração surgiu, agora é tarde. você pensa que me olhar meio de lado e disfarçar tão propositalmente só me faz achar graça? queria que visse o tufão que causa quando estou sozinha { ou melhor } que sentisse um tufão nascendo dentro de v o c ê sem poder refletir no teu externo. queria lavar a calçada com água corrente e ver as folhas secas que você deixou, escorrendo pelo bueiro. mas é utopia! moralidades me cercam de um jeito bem avalassador: causaria um alagamento e não é prudente utilizar tanta água. tudo bem, tenho aprendido. ~ quem sabe meu jeito fugitivo não te perturbe? saberá então { assim como eu sei } que florações não surgem, se constróem.

a b i m o c o r d e

Ab imo corde, Mexe-se, escorre, sangra, acalma. Bate em descompasso e de repente, adormece calado, numa alegria disc discr discre discret discreta . . . Da pureza da criança a sensatez senil Quer ser mestre, quer ser pai de reviravoltas colossais, [ e daquelas que ficaram guardadas na gaveta, sem impulso suficiente ] . . . Ab imo corde, Linda ritmia numa canção imperfeita. és maior que eu? és pequeno como pareces ser? alguns defendem: "órgão muscular, bombeia sangue, dois átrios e dois ventrículos". outros insitem: - um oceano emocional, guia confiável dos olhos que querem ser cegos [ ? ] Ad imo corde, l u z d i v i n a, l u z i n t e r n a. L U Z. Ab imo corde: no mais profundo do coração.

t r a n s p a r ê n c i a

Ela desejava {ao menos por um dia} ser cinzenta, ser outono, ser o 'basicamente'. Que conseguisse sublimar seus sentimentos, amassá-los até a cura, sem que as pessoas sequer notassem [...] Andar numa bolha {rígida e maçiçamente preenchida de cor} para que suas expressões ficassem engavetadas a sete, oito, nove chaves. Mas no mais íntimo e natural do ser, ela sabia que "destransparecer" sua transparência tão evidente, era o mesmo que enganar a si e fingir ser alguém que não era. Sim, ela não tinha o filtro que separava o que ficaria guardado para ela e o que todos podiam ver. E a necessidade de esconderijo então passava rapidamente, quase como um lapso. { Só não sabia quão saudável/ destrutivo isso podia ser}

c o t i d i a n o | o avesso dos ponteiros

O tempo passa e engraxa a gastura do sapato Na pressa a gente não nota que a lua muda de formato... Pessoas passam por mim pra pegar o metrô Confundo a vida ser um longa-metragem O diretor segue seu destino de cortar as cenas E o velho vai ficando fraco esvaziando os frascos | E já não vai mais ao cinema |