Temo ser invadida pela minha própria palavra.  Consumida, fraca, mergulhada numa surdez atenciosa,  E num encantamento qualquer.  Não diria que me assustam as minhas letras,  Porque certamente depois de tantos repentes,  Tantas palpitações e pulos de afastamento,  Eu tomaria jeito e as faria parar.  Diria que as letras, pois bem, me surpreendem.  Surpreendem porque me conhecem e,  Ignoram minhas teimosias, revelando a mim quem sou.   E enquanto meus cadernos tomam conta do quarto,  Enquanto meus tinteiros secam,  Enquanto perco papéis debaixo da cama,  Enquanto a luz da vela permanece acesa  -iluminando o cômodo, construindo sombras-  Pajeando o trabalho das mãos cansadas sobre o papel,  O meu coração cheio de letras em estado de fervura,  Esperando pra nascer,  Alivia.   As palavras que me têm por completo e,  Não o inverso.  Relação de temor e paixão.  Esconderijo e exibições.  Sonho e desejo.  Se as palavras precisam de mim pra nascer,  Eu, recolhida na condição de travessia,  C...
