Memórias fragmentadas, já gastas pelo passar dos dias efêmeros, trechos de vida que ficam líquidos diante da história da minha origem. Lembro do cheiro do café invadindo a sala pequena e do gosto doce das laranjas depois de serem descascadas pelas suas mãos calejadas de trabalho. Parecia que o mundo era tão bonito quando as tardes passavam regadas à cana minuciosamente dividida entre todos os primos, que ali, naquele quintal eram todos "fios" e "fias"... E o bolo de chocolate macio, sempre dando boas-vindas à casa que já foi extensão de mim? Era sempre infinito, porque continha o amor da acolhida e a simplicidade do cuidado. Quantas vezes corri pelos corredores para que você não pegasse meu amarrador de cabelo (o que era totalmente em vão devido a minha pequenez)? Como eu gostava desse jeito sutil e espontâneo de ser amada. Você sorria e me devolvia, já indicando que a corrida ia recomeçar em breve, neste rito de cumplicidade único e singular. (Não sei