Quando nasci um anjo engraçado desses que mostram a língua e piscam com um olho só, proclamou: vai administrar vulcões. Coisa que não dá muito pra planejar, porque erupções não avisam quando chegam. Vou bem no ofício, suspeito apesar da pressão de cuidar de coisa perigosa assim. Pelo menos meus vulcões são próprios, nunca alugados, e entre uma lava e outra, acho graça do calor. A mulher por dentro da pele já viu muito e ainda se comove. Ora sim, ora sempre desacelera para contemplar. Lá na origem, a narrativa. Que na ancestralidade, dava cor ao cotidiano onde, se muito faltava - a palavra sobrava. O sangue foi vindo, a força também, porque entre mulheres ela não se dilui. Amplifica, desde minha mil avó.
Para ler ouvindo: Pássaro Proibido by Caetano Veloso on Grooveshark Sei quase nada de passarinhos. Eles sabem quase nada de mim também. Somos um para o outro, puro mistério, doce dúvida, mútua surpresa... Ainda assim, sinto-os tão perto. Ouço-os tão fundo. Amo-os tão largo! Toda manhã quando a corruíra canta, é como se reinasse absoluto sentido, depois da longa e impetuosa atmosfera onírica. É como se o meu espírito tivesse som e minha alma, asas. Nesse prelúdio da Revolução, a corruíra canta a liberdade, celebra a convivência, veste-se de simplicidade... Existe. Pura e grandemente. Onde moram as corruíras? O que elas fazem pra sobreviver? O que as corruíras querem comprar? ... Elas não sabem não, mas me ensinam cada vez mais a perguntar menos. Acho graça nisso. Gosto de pensar que nem toda tecnologia do mundo, nem a máquina mais inteligente, é capaz de criar uma corruíra. Me conforta e esquenta o coração. Gosto de pensar que as corruíras não se preocup