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Mostrando postagens de 2009

FEITO EU

Para ler ouvindo: Infinito particular by Marisa Monte on Grooveshark Sou feita das risadas que já dei dos choros que já silenciei e de outros tantos que escorreram ácidos... Sou feita das calçadas que já pisei dos abraços que sem querer guardei e daqueles que já dispensei, ora essa. Sou feita das piadas que inventei das coisas sérias que ignorei e que de manhã corri atrás, pra alcançar. [há sempre um momento bom, há de se acreditar...] Sou feita das cartas que rasguei das pétalas que enterrei e de naturezas minhas, andantes, cansantes. Sou feita dos acasos que, violenta, calei de casos que transbordei e inquietações várias, calmarias, meninices. Sou feita dos clichês que aceitei das evidências que suportei e da intuição que quis sempre reinante. [errante, flutuante até!...] Sou feita da liberdade que busquei da fé que lapidei da transformação que acreditei e de atmosferas tantas que me são caras. Sou feita das lapidações que

lar

Eu que já não quero mais calar, grito suave pra fazer ouvir os corações. O grito suave, que quero muito meu, Aos poucos gera vida, cultiva e renasce quantas vezes for necessário, Uma delicadeza alicerçada nas causas... Um grito silencioso, passaroso e calmo. Eu que já não quero mais só ver a banda passar, Canto sem paredes que se façam de muralha. O som expande... Ganha força e chega onde deve chegar. (!) Canto baixinho, porque é assim que sou. É assim que quero que seja. Eu que já não sou capaz de ignorar quem sou, Vou com coragem um tanto mais fundo, até onde der de mim mesma. Os mais cuidadosos já avisam de antemão: "cuidado... Isso pode ser perigoso!" E o que não o é? Se feliz é quem desconhece, Que me desculpem os adeptos, Mas conhecer é maravilhoso... Eu que já não quero mais ver a vida acontecer Sem a chance impetuosa de criar, fazer, chorar, vencer, Não quero mais a ansiedade do não-saber. Entendo o quão "minhas&qu

POR UM TRIZ

"Que a lente do amor aumente Faça em presença o que é ausente Porque só se vive por um triz Só o amor pode juntar O que o desejo separou Não poderia o ontem se Vestir de amanhã (?) Porque só se vive por um triz . . . " Se só se vive por um triz, que sem reservas, cuidemos de cada pedaço de amor que espalhamos por aí - de cada um que cativamos e daqueles que de propósito nos cativaram - para que quando o "triz" chegar, ainda haja um rastro de sorriso pra tudo o que há de bom viver intato. Eu, confesso que, o riso pra mim é a medida. Quando há qualquer jeito de sorrir, de brincar e brindar... Então as coisas permanecem do jeito que deviam ser - e que muito me agradam. Ah, como os sorrisos me são caros e me apetecem! O riso me escapa pelos cantos... E quando me cerram, tornando-o amarelo e ensaiado, então dá vontade de fugir. Adoro a liberdade ingênua das brincadeiras e dos sorrisos... De um jeito ou de outro, sinto que as pessoas que me deixam sorrir e q

pequena humana

Conheci uma menina pequena, que acostumada a viver de frente com contradições, posta numa felicidade insuportável, não conseguiu ir pra frente nem pra trás. A felicidade pra ela pareceu algo a que realmente temer. E ela se viu, pela primeira vez na vida, humanamente frágil e estranhamente feliz. Por vezes, relutou... Por outras tantas achou tudo irreal. "E quando tudo acabar?" - Ela repetia pra mim incansavelmente. Então eu dizia: "Mas porquê, porquê tudo tem que acabar?" Balbuciando, ela dizia: "É tudo muito inconstante..." ---------- "Pequena, quando tudo acabar... Vai restar você e, tudo o que quiser te acompanhar".

saga de uma flor urbana

Ele carregava a rosa cor-de-rosa, envolta por plástico e papel de seda com uma das mãos, enquanto a outra segurava o apoio do ônibus lotado. Era uma rosa já aberta, com cara de que queria ser entregue logo ao seu destino. O dono da rosa mais protegida da cidade, pois bem, tinha olhos de ansiedade, pouco piscava e nem parecia estar no centro da cidade de São Paulo. Via-se que a mão da rosa já suava, mas não parecia incomodar. Dali a alguns minutos a própria rosa iria começar a murchar, murchar... Ou não, quem sabe. Aposto que a outra mão -agora livre- após ele ter conseguido o almejado lugar para sentar-se, estava à espera de afagar os cabelos da moça, logo após a sutil encomenda. Uma saga na cidade, num dia de semana, com tantos coadjuvantes a trabalhar... Não sei por quais motivos, mas ele se dirigiu até uma floricultura sim, do outro lado da cidade, apenas para comprar uma rosa cor-de-rosa. Não existem floriculturas mais próximas ou havia um significado? Relevâncias à parte, a

Devagar, menina

Quanto me custa perceber Que nem todos meus versos são expostos Que nem todos meus afazeres saem do papel Que nem todos os meus planos, acontecem. As vezes o tempo escorre, A fala encurta, O gesto empobrece. E minhas expectativas, comigo, por vezes, são meras. Um movimento previsível, mas mesmo assim estranho e, exigente demais pra mim. É bonito quando a vida me dá uns tapas, E mostra o que é meu. Essencial e induscutível. Me dá saudade de mim. Me fala: "Devagar, menina..." Me alisa os cabelos e, revela Que eu consigo assim. Não de outro jeito, de outros e de outrem. Do meu jeitinho, de menina, de mulher, devagar. "Quem tem por que viver pode suportar quase qualquer como." - N. --------

apelo de herói

Não acabem com os heróis. Não deixem os heróis se revoltarem, odiarem. Não criem heróis prepotentes, abusadores. Os heróis devem voar. Os heróis podem criar seus próprios pecados, e suas virtudes para combater. E que seja a luta com seus próprios "eus"- a mais importante da guerra. Mas os heróis não podem relutar diante da verdade. Os heróis não devem ser injustos. Devem se preocupar com o mundo, E não somente, com seu super-umbigo. Como é teu herói? Tem capa e espada? Flechas e armadura? Tem amigos, amores...família? E se angustiam por ter de escolher, entre sua própria paz e da do mundo? Os dilemas dos heróis são os mais deliciosos. São altos, elevados. Não terminam na primeira esquina. Os heróis precisam existir. Não podem ter jeito de gente, vida de gente. Crise de, gente. Até toda a fantasia acabar... Sucumbir... Fraquejar... Suspirar diante da maldade, Implorar por uma migalha de vida (!) Não implorem por vida, heróis. Deixem os heróis s

adendo

Só um adendo: Tem olhado pra lua esses dias? Ela não estava amarela e grande como de outros dias de calçada, noites quentes, e corridas na rua "só pra falar a última coisa". Mas estava linda! Quis reparar bem de propósito, pra ver se enxergava algo diferente, sabe? Tinha que ter algo de diferente. E voir que la magie : haviam estrelas bem pequeninhas em torno, cuidando da lua clara. Essas estrelas viu, cuidando da lua! Veja só! Muito perspicazes... É tão bom se sentir cuidado... Cuidado das estrelas: que vêem as fases da lua, (mutáveis e lindas) e continuam sempre postas. Essas estrelas... Muito perspicazes! (risos) Aí eu entrei dentro de casa e a luz não tinha ido embora. Não vou pedir pra apagar a luz dos teus olhos, mas preciso dormir! Acordo cedo, sabe? Luz perspicaz...

Monólogo

E por que não calar a pressa, estapear os moldes e golpear as amarras? Por que insistir que não há tempo pra olhar o essencial, sendo que corremos tanto pra termos tempo suficiente pra sermos enfim, felizes? (Corrida desenfreada até o nada?) Por que deixar de dançar os ritmos mais doces não importa onde estivermos, ou então deixar de olhar o céu laranja ser engolido pelo azul em noites claras? É tudo esquecimento? É tudo falta de sensibilidade? Sensibilidade faz falta. Uma parada proposital no dia, pra aprender uma lição. Uma flor arrancada do galho da calçada, murcha e sem perfume, mas recolhida com amor pra entregar ao bem-me-quer. Uma observação sutil na rua, de uma criança a conhecer o mundo, com aqueles olhinhos pequenos e tão vivos. Uma corrida até o amor pra dizer uma palavra de carinho, ofegante e suada. Ou qualquer coisa que é olhada de dentro pra fora. Como as coisas devem ser. Sabe como é? Talvez, se um dia, eu conseguir apontar o simples às pessoas... O quanto a

certas palavras erradas

Certas palavras me inquietam. Certas, erradas, e não outras. Elas parecem me servir, de um jeito enevoado e propositalmente censurado, para não vir à tona tão claramente. As vezes, quase frequentemente, me suscitam a imagem ínfima de uma guerra literária. Das pacíficas e frias e quase incontidas. Não das guerras gramaticais e de soldados que lutam pra ganhar: a de guerra que luta só pra guerrear. Como num jogo de inspirações e citações mal escondidas, ou de recados subentendidos, ou de qualquer coisa que signifique muito naquelas noites de solidão povoada, regadas a melodias agridoces. Tudo isso pra chegar num consenso declarado, de páginas reviradas que tomam sentido, de versos mal escritos que cubram as tropas vitoriosas com a capa da identificação. E de fato, não é e nem precisa ser a literatura o objeto primordial da direção dos ataques e recuos: são as idéias, os sentimentos, aquilo que de abstrato e tão intenso só a nossa linguagem consegue exprimir. Sabe aquelas festas de

números

A menina levanta a mão: "Professor, e como calcula...Felicidade Média?" . . .

portas, janelas

Portas e janelas ficam sempre abertas pra sorte entrar. . . Entram por vezes, fragilidades, gostos de lágrimas, medo, necessidade de esperança. Portas e janelas deixam que entrem luz, carinho e sonhos bons. O vento toca as portas e janelas, permitindo que se fechem. A pureza de criança, intrínseca e inerente, dá um jeitinho de levantar os pés (ficando de ponta de bailarina) para forçar a maçaneta. "Nunca diga que não consegue, que as coisas são difíceis demais...Ser pequena é só um jeito de olhar..." Aproveitando a ponta de pé, já dança e voa pela sala, porque as preocupações se fazem cessadas... E moram num reino longe, longe. As mudanças (chuva ou Sol, dores e dissabores, êxtases e passos largos até o mais alto) geram, sim, crescimento. Não importa quando venham, elas que corram para alcançar, pois estará sempre arraigada em si mesma. Amando. Todo dia é dia de crescer. Todo dia é dia de olhar. Olhar coisas que ninguém vê. "As pessoas já não páram. Não olham para si...
. . . é como se as coisas que vivemos tivessem nos trazido até aqui, e nossa história tivesse regado pequenas semente-sensações, que hoje brotam e hão de brotar. . . Sim. . . não somos apresentados a cada momento, mas os reconhecemos logo de cara numa semelhança fina com os nossos íntimos sonhos. . . . . . .

penélope

Quando eu era pequena, amava ursos de pelúcia. E ainda hoje. (!) Penélope, primeiro presente que lembro-me nitidamente de ter escolhido. Lembro-me sim e, como se fosse hoje de manhã: Minha mãe me pegou no colo, deu uma bela olhada na loja inteira e soltou de surpresa: "Pode escolher o que quiser.". E eu, no auge dos meus 5 bem aproveitados anos de idade, e no meio de uma loja cheia de pinduricalhos, ursos de pelúcia enormes, brinquedos sofisticados e objetos cheios de luzinhas piscantes, não quis nem saber: Só olhei para aquela ursinha branca e pequena, com um macacão rosa, que todos passavam e não a viam e, que se apertassem suas mãos, as bochechas ficavam cor-de-rosa. "Ela. Ela que eu quero, mãe. A Penélope!" A cara dela não foi de espanto, mas de aprovação, apesar de ter questionado: "De onde tirou esse nome, menina?". Hoje, imagino que ela deve ter achado um tanto estranho e que não compreende até hoje porque deposito carinho nessa ursa. Eu entendo m

Luísa dança

Do que há em Luísa, o querer é dança, palco de ensaio,  ação e desmaio, improviso. O querer sapateia. Luísa muito fala,  muito cala,  muita alma. Dá seus pulos (ritmo desenfreado) do balanço ao descanso. O desejo samba. Não pretende ter razão. Nas mãos do mundo em suas mãos, gira compasso imprevisível  no exercício da intuição.  Passos largos ao infinito. voa livre em amplidão. Luísa dança. Da sua história, a margem. Do seu sangue, a coragem. Imperativo pessoal. O que é aparente,  só no de repente,  não é de compreender. É preciso mais olhares insuspeitos, Pra arte acontecer. Luísa dança e nos seus passos, faz música também.